5 de junho de 2016

BEM-VINDO AO BLOG DAS PAISAGENS



Olá a todos! Sejam muito bem-vindos ao Espaço Landschaft*! Se você é um amante da natureza, aprecia belas paisagens e também conserva dentro de si um interesse pelos processos de formação do nosso planeta, veio ao lugar certo. O blog tem por finalidade se tornar “palco de exibição” dos locais mais fascinantes e intrigantes encontrados em nosso mundo. As imagens estarão sempre acompanhadas de informações relevantes, propiciando a quem lê um panorama informativo sobre a paisagem apresentada. Projetos futuros incluem a postagem de documentários traduzidos inéditos em nosso idioma, de caráter geográfico, bem como a publicação de entrevistas com profissionais das Ciências da Terra, comentando temas que venham a ser abordados nos artigos publicados no blog. Ocasionalmente, pretende-se levantar algumas questões ambientais, impactando-se no meio social. Dedico este blog a todos os amantes da natureza, sejam aqueles que estudam, trabalham ou apenas apreciam a sua beleza.
Foto: "Spirit Island" em Maligne Lake, Parque Nacional Jasper (Alberta, Canadá)

*O termo “landschaft” nasceu com os geógrafos alemães no século XIX e significa paisagem. Seu conceito é de natureza no sentido fisionômico, estando originalmente ligado ao método de observações em viagens científicas desenvolvidas naquele século pelos europeus. Seu nascimento se deu com os grandes naturalistas da época. A paisagem, na perspectiva alemã, não é entendida somente como o meio natural ou os aspectos físicos do planeta, mas também incorpora o homem através de suas ações ao seu conjunto de elementos; compondo, deste modo, a chamada “paisagem natural” e a “paisagem humanizada”. (Ref. Bibliog.: MENDONÇA, F. - Geografia Física: Ciência Humana? - São Paulo: Contexto, 2. ed. 1997 (pág. 46-47).)

SALAR DE UYUNI (Bolívia)

No ápice do verão de 2011, tive o prazer de conferir in loco a um dos espetáculos mais deslumbrantes da Terra. Situado no altiplano andino, especificamente na porção sudoeste da Bolívia, o Salar de Uyuni – maior planície de sal do mundo – recebe o excesso de águas provenientes das chuvas e do degelo dos Andes durante o verão, ficando com uma fina camada molhada em sua superfície. Este processo promove uma mutação natural em sua paisagem, tornando a extensa planície um verdadeiro “espelho do céu”. A água sobre a crosta salina acaba por criar um efeito de espelhamento, refletindo o céu. Em certos pontos, torna-se uma tarefa realmente difícil (por vezes impossível) distinguir o horizonte que separa o céu do chão, dando a impressão de que tudo realmente se aglutinou.
O Salar de Uyuni (ou em português, Salinas de Uyuni), é o maior deserto de sal do mundo, contando com uma superfície de 10.582km². Está localizado na província de Daniel Campos, no departamento de Potosí, sudoeste da Bolívia, dentro da região altiplânica da Cordilheira dos Andes, estando a uma elevação de 3.656m acima do nível do mar. O Salar de Uyuni se constitui também como uma das maiores reservas de lítio do mundo, além de conter importantes quantidades de potássio, bóro e magnésio.

A crosta salina extraordinariamente plana
O surgimento do Salar se deve a uma sequência de transformações de antigos lagos pré-históricos. A área toda está encoberta por alguns metros de crosta salina, a qual possui um nivelamento tão extraordinário que a amplitude altimétrica por todo o Salar não passa de um metro. A crosta serve como uma fonte de sal e cobre um reservatório de água salina, excepcionalmente rica em lítio. Corresponde entre 50 a 70% de todo o lítio do mundo, e está sob processo de extração.

A junção de características como vasta superfície plana com alta capacidade de reflectância, perfazem uma área perfeitamente apropriada para se realizar a calibração dos instrumentos de altimetria dos satélites de sensoriamento remoto em órbita terrestre. Quando a camada de água que cobre todo o Salar sazonalmente se evapora, o sal reflete a luz para o espaço e as condições da atmosfera oferecem a possibilidade de obter medições cinco vezes mais precisas do que aquelas que se realizam sobre a superfície oceânica. Atuando como um gigantesco pavimento, o local também é usado como importante rota de transporte pelo altiplano andino.

Os satélites de sensoriamento remoto utilizam a superfície do Salar
 para calibrar seus equipamentos de altimetria

Imagem LANDSAT do Salar de Uyuni,
 com o Salar de Coipasa no canto superior esquerdo
Sempre no mês de novembro, quando se inicia o verão, o Salar de Uyuni se torna pátio de procriação de três espécies de flamingos sulamericanos rosa: o chileno, o andino e o raro Flamingo de James, cuja plumagem rosa se dá pela sua alimentação com algas rosadas. A aventura pelo Salar ainda contempla outros grandes atrativos, como a Ilha Incahuasi, um ecossistema fechado onde florescem cactos gigantes de 10 a 12m de altura; as inúmeras lagunas de distintas colorações, nas quais se pode observar os flamingos; águas termais; gêiseres que exalam vapor; e a famosa Árbol di Piedra, um monumento geológico no meio do deserto boliviano, esculpido por ação eólica. A região toda é definitivamente um grande destino turístico, recebendo anualmente cerca de 60.000 visitantes.

Durante o verão, os flamingos migram para o Salar para procriar
Árbol di Piedra 
  

 Ilha Incahuasi
A HISTÓRIA  GEOLÓGICA DO SALAR

O Salar de Uyuni é parte do altiplano boliviano na América do Sul. O altiplano é um planalto alto, que se formou durante o soerguimento dos Andes. O “platô” apresenta corpos de água doce e água salgada assim como planícies de sal. A área toda é cercada por montanhas, por conseguinte, sendo considerada uma bacia de drenagem do tipo endorréica, ou seja, suas drenagens são internas e não possuem escoamento para o mar, desembocando em lagos, se dissipando pelos solos áridos ou se evaporando. Os Andes atingem na Bolívia sua maior largura e dividem-se em duas grandes cadeias paralelas, a Oriental e a Ocidental, entre as quais se estende o altiplano. A cordilheira Oriental é formada por maciços de argilitos, arenitos e quartzitos paleozoicos, sobrepostos a um núcleo granítico. A Ocidental consiste numa série de vulcões inativos ou extintos, e suas rochas compõem-se de vastas acumulações de lavas riolíticas, traquíticas e andesíticas. Possui aproximadamente 800km de comprimento por 130km de largura, numa altitude variável entre 3.600 e 3.800m. Vale mencionar que a Cordilheira Oriental é dividida em dois setores: Cordilheira Real, mais ao norte, onde fica La Paz, e Cordilheira Central, ao sul. 

Uma panorâmica do altiplano boliviano, com a Cordilheira Oriental ao fundo

Por muito tempo, a origem do altiplano e sua altura elevada foram objetos de grandes questionamentos entre os geólogos. No entanto, acredita-se hoje que o altiplano tenha surgido inicialmente como uma bacia de antepaís dos “proto-Andes”, isto é, uma área relativamente pouco deformada pela tectônica dentro da qual se acumularam sedimentos provenientes de um orógeno (movimento que cria as montanhas). Estas bacias sedimentares são formadas em escalas de tempo entre milhões e centenas de milhões de anos. Devido ao peso do orógeno sobre a litosfera terrestre (camada de rocha mais externa da Terra), a região onde se acumulam os sedimentos afunda-se isostaticamente (equilíbrio gravitacional) e gera o espaço necessário (bacia) para reter os sedimentos trazidos principalmente por rios a partir do orógeno. 
Laguna Verde
A história geológica do Salar está associada a uma sequência de transformações de diversos lagos extensos. Há 40.000 anos, a área ocupada pelo Salar de Uyuni estava inteiramente encoberta pelas águas do lago Minchin. Posteriormente, há 11.000 anos, o território passou a ser banhado pelo lago Tauca. Quando o lago secou, deixou como remanescentes os atuais lagos Poopó e Uru Uru, e dois grandes desertos salgados, Coipasa (o menor) e o extenso Uyuni. Os lagos atingiam uma cota ao redor dos 100m acima do nível atual do Salar, e cobriam os atuais Salares de Uyuni e Coipasa, e os lagos Poopó e Uru Uru. Neste período, uma fase de clima úmido demarcada por mais chuvas que atualmente elevou o nível dos protolagos a aproximadamente 100m acima do nível atual. Mais tarde, a região enfrentou um período seco e quente, o que produziu uma grande redução da superfície e volume dos lagos andinos, originando assim os salares e os lagos atuais. Em um passado geológico, a Bolívia era um território com a presença de grandes lagos, os quais eram bem maiores que os atuais, conhecidos com os nomes de Ballivián, Minchin e Tauca. O primeiro foi um predecessor do Lago Titicaca; o segundo abrangia desde o Uyuni até o norte; e o lago Tauca, por meio do processo de evaporação, deu origem ao Salar de Uyuni.

O Salar de Uyuni é formado por várias camadas de sal e água
O Salar de Uyuni abrange uma área de 10.582km², que é aproximadamente 25 vezes o tamanho da planície salgada de Bonneville nos Estados Unidos. O Lago Poopó é vizinho do Lago Titicaca, que conta com dimensões bem maiores. Durante a estação das chuvas, o Titicaca se enche e, por meio do rio Desaguadero, deságua o excesso de suas águas no Poopó, o qual, por sua vez, inunda o Salar De Coipasa e o Salar de Uyuni.

Vulcão Tunupa
Sob a superfície do Salar está um lago salino de 2 a 20m de profundidade. A salmoura está em uma solução saturada de cloreto de sódio, cloreto de lítio e cloreto de magnésio na água. Está encoberta por uma sólida crosta de sal cuja espessura varia entre dezenas de centímetros a alguns metros. O centro do Salar contém algumas “ilhas”, que são remanescentes dos topos dos antigos vulcões que foram submersos durante a era do Lago Minchin. Eles possuem estruturas singulares e frágeis de corais, e depósitos, em sua grande parte, formados por fósseis e algas.

Ilha Incahuasi, cactus com mais de 10 metros

A área apresenta uma temperatura média relativamente estável com picos de 21° C entre novembro e janeiro e baixas de 13° C em junho. No entanto, as noites são frias por todo o ano com temperaturas entre -9 e 5° C. A umidade relativa do ar é um tanto baixa e constante ao longo do ano, oscilando entre 30 e 45%. A precipitação também é baixa, com 1 a 3mm ao mês entre abril e novembro, mas pode aumentar até 70mm durante o mês de janeiro. Entretanto, excetuando-se janeiro, mesmo na estação das chuvas o número de dias chuvosos por mês fica abaixo de 5. 


BOLÍVIA, A "ARÁBIA SAUDITA DO LÍTIO" 
O Salar conta com grandes quantidades de sódio, potássio, lítio e magnésio (todos na forma de cloreto, NaCl, KCl, LiCl e MgCl2, respectivamente), bem como o bórax. Destes, o lítio é indiscutivelmente o mais importante por ser um componente vital de muitas baterias elétricas, especialmente as recarregáveis, utilizadas em equipamentos sem fio, computadores portáteis, aparelhos celulares e filmadoras.
Baterias de lítio para os motores elétricos
As grandes companhias automobilísticas vêm desenvolvendo baterias de lítio para os veículos híbridos (carros que dispõem de um motor de combustão interna e um motor movido à base de baterias). A maioria dos veículos híbridos disponíveis no mercado utiliza outros tipos de baterias, mas as futuras gerações poderão utilizar lítio.
O sal é acumulado em pequenas pirâmides para que se evapore a água e facilite o transporte
Com aproximadamente 9 milhões de toneladas, a Bolívia detém cerca de 43% de toda a reserva de lítio do mundo; a maior parte localizada no Salar de Uyuni. Alguns já apelidaram a Bolívia como a “Arábia Saudita do Lítio”. O lítio está armazenado na salmoura abaixo da crosta de sal em uma concentração relativamente alta em torno de 0,3%. Também pode ser encontrada nos poros das camadas mais superiores do sólido corpo salino existente abaixo da salmoura líquida; no entanto, a extração do lítio pela água salina é menos dispendiosa, necessitando apenas a perfuração da crosta para bombear a salmoura líquida até a superfície. A disposição da salmoura líquida foi monitorada pelo satélite Landsat e confirmada em testes de perfuração. Após as descobertas, uma corporação internacional estadunidense investiu US$ 137 milhões para conduzir a extração do lítio.

A salmoura líquida rica em lítio

Contudo, a extração de lítio nas décadas de 1980 e 1990 por companhias estrangeiras defrontou-se com forte oposição da comunidade local. Apesar de sua pobreza, os habitantes locais acreditavam que o dinheiro infundido pela mineração não chegaria até eles. Atualmente não existe nenhuma usina de mineração no local, e o governo boliviano não quer permitir a exploração dos recursos naturais por corporações estrangeiras. Ao invés disso, o governo pretende construir sua própria usina-piloto com uma modesta produção anual de 1.200 toneladas de lítio e aumentá-la para 30.000 toneladas em 2012. Estima-se haver no Salar de Uyuni 10 bilhões de toneladas de sal, e a extraçao anual gira em torno da casa das 25.000 toneladas. Todos os mineradores que trabalham no Salar pertencem à cooperativa de Colchani.

Produção de sal

NOME
O nome “Salar” significa planície de sal em espanhol e Uyuni se origina da língua indígena aimará e quer dizer curral (lugar cercado). Desta forma, Salar de Uyuni pode ser livremente traduzido como planície de sal com cercados, esta última palavra possivelmente referindo-se às “ilhas” do Salar. Uyuni também é o nome de uma cidade de 10.600 habitantes, que serve de portão de entrada para os turistas que visitam o Salar.
Um antigo cartão-postal do Salar de Uyuni
A lenda aimará conta que as montanhas Tunupa, Kusku e Kusina, que cercam o Salar, foram pessoas gigantes no passado. Tunupa se casou com Kusku, mas Kusku fugiu com Kusina. Entristecida, Tunupa começou a chorar enquanto amamentava seu filho. Suas lágrimas se misturaram com o leite e formaram o Salar. Muitos habitantes locais consideram Tunupa uma importante divindade e dizem que o lugar deveria ser chamado Salar de Tunupa ao invés de Salar de Uyuni.
Acompanhe no próximo post a continuação das paisagens encontradas pelo Salar, como o Cemitério de Trens, a Ilha Incahuasi (com suas formações de recife e os cactos de mais de 10m de altura), os gêiseres, as águas termais, o hotel de sal, a Árbol di Piedra e o vulcão Licancabur, que marca o fim da aventura pelo Salar de Uyuni. 

1 de junho de 2016

GRANDE BURACO AZUL (Belize)




O Grande Buraco Azul é um grande sumidouro submarino, localizado na costa do Belize, próximo ao centro do Recife Lighthouse, um pequeno atol de coral a cerca de 70 km da Cidade do Belize. O Grande Buraco Azul possui uma circunferência de aproximadamente 300 metros e profundidade de 124 metros. 

Este buraco foi formado nos diversos períodos de glaciação durante o Quaternário. Investigações confirmaram que o Grande Buraco Azul surgiu como uma típica formação cárstica, formada antes do aumento do nível dos oceanos em, pelo menos, quatro fases, deixando sinais em profundidades de 21, 49 e 91 metros. Encontraram estalactites na caverna submersa, confirmando a sua formação acima do nível do mar. Ele é tombado pela UNESCO como patrimônio da Humanidade por suas características únicas.

FLY GEYSER (Nevada, EUA)



O Fly Geyser, também conhecido como "Fly Ranch Geyser", é um pequeno gêiser geotérmico, localizado a aproximadamente 32 km ao norte de Gerlach, em Washoe County, Nevada, EUA. Essa formação geológica está situada no interior de uma propriedade particular, e por essa razão não é tão conhecida.

O Fly Geyser não é um fenômeno genuinamente natural, pois foi criado acidentalmente em 1916 durante a perfuração de um poço. O poço funcionou normalmente durante vários anos, mas na década de 1960, a água geotermicamente aquecida encontrou um ponto de fraqueza na parede e começou a escapar para a superfície. Minerais dissolvidos começaram a ascender, se acumulando e criando as formas em que o gêiser se encontra, em um processo de crescimento que se estende até hoje. 

A água está em constante esguichamento, chegando a se elevar 1 metro e meio no ar. O gêiser contém vários terraços que descarregam água em aproximadamente 40 piscinas numa área de 30 hectares. O gêiser é formado por uma série de diferentes minerais, resultando nesse colorido excepcional.

GRUTA DO LAGO AZUL (Bonito, MS)
















A Gruta do Lago Azul está localizada a 20 km da cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul. Descoberta em 1924 e reconhecida como Monumento Natural, a Gruta do Lago Azul possui um lago com dimensões que a fazem ser uma das maiores cavidades inundadas do mundo. Acredita-se que suas águas venham de um lençol freático que passa por rochas calcárias que funcionam como filtro para dar a transparência que lhe é característica. 

Para alcançar as cristalinas águas azuis é necessário percorrer uma trilha de fácil acesso, descendo cerca de 100 m para dentro da gruta, onde podem-se ver diversos espeleotemas, formações geológicas que despertam curiosidade de turistas e pesquisadores.

31 de maio de 2016

A ONDA (Arizona e Utah, EUA)




Esta formação rochosa é um dos mais preciosos sítios geológicos do planeta, e está localizada nos Estados Unidos, na divisa entre os estados do Arizona e Utah, nas encostas do Coyote Buttes, dentro do Cânion de Paria.

Essa peculiar formação é chamada de "A Onda". As gigantes formas curvilíneas parecem esculpidas pela água, mas foram esculpidas por ação eólica. À medida em que golpeiam estas rochas de arenito, o vento desgasta a areia, apanhando os grãos e carregando-os. O vento "lixou" a superfície da rocha e produziu feições em formas de linhas.
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